sexta-feira, 30 de julho de 2010

Caminhadas

   Tenho andando muito. Aqui, lá, acolá. Mas o mesmo timbre sempre. A mesma nota. O mesmo vento. As pessoas todas dizem-se democráticas, respeitosas, sem preconceitos e por ai vai...
   Mas até onde vão? Será que mantém a mesma postura quando algum negro lhe pede emprego? Será que mantém a mesma postura quando um deficiente físico lhe pede ajuda? Darão emprego a um homosexual?Será que tratarão da mesma forma alguém que não é do seu partido político?
   A corporeificação das palavras pelo exemplo parece realmente ser a ponte que falta para ligar o homem com sua humanidade.
   Caminhar, ouvir, falar, ver e apavorar-se. Essa tem sido minha rotina.
   Não sou mais nem menos completo. Não sou mais nem menos imperfeito. Não sou mais nem menos humano. 
   Mas a cada dia assusto-me com a finitude e incoscistência da vida.
   Mas a cada dia assusto-me com a precariedade e superficialidade das convicções.
   Mas a cada dia assusto-me com a acromia dos sorrisos e das almas.
   Cidades de pedras, homens de pedras, relações de pedras, sorrisos de pedras.
   E a cor do vento, da vida, do sorriso, do diálogo, da humanidade...Qual será?